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segunda-feira, 2 de março de 2009

REFLETINDO SOBRE O DESIGN - professora Jane Maria

REFLETINDO

 

Nunca o Brasil viveu uma euforia tão grande em relação ao design como
nos últimos anos. Definitivamente saímos dos editoriais de arte, moda e
cultura, para fazermos parte do vocabulário cotidiano dos colunistas de
economia. Empresários, administradores, jornalistas, profissionais de
comunicação, engenheiros de produção e até os políticos estão sedentos
por informações sobre esta “nova ciência” que, por sinal, ainda não é
ciência, mas que de nova não tem nada.

Talvez no Brasil onde a bem conhecida desigualdade social também se
reflete numa dicotomia empresarial: Informal X Multinacional, Artesanal
X Industrial ou, trocando em miúdos, um Brasil sobrevive da arte
popular enquanto outro, em nome da produtividade, pensa ?para que
inventar se podemos copiar lá de fora?? Nem certo, nem errado, estes
dois Brasis são os ingredientes para tornar nossos produtos cada vez
mais competitivos e nossa economia cada vez mais sólida. Nós,
designers, somos os “alquimistas” que equacionam estes ingredientes
para fazer da nossa arte e da nossa cultura produtos e empresas com
alto valor agregado, e assim transformar o “marginal” em ouro.

Bem, daí vem a resposta para a nossa primeira pergunta: De onde vêm
os designers? O design surgiu como atividade profissional exatamente no
momento da mudança do Estado-Bélico para o Estado-Empresa na Alemanha
do Pós-I Guerra. O entendimento de que o design era uma ferramenta
fundamental para esta mudança resultou na criação da Bauhaus, em 1919,
um marco no ensino do design no mundo todo. E o Brasil finalmente
descobriu o design! Mesmo que tardio em relação a outros países, nós
designers, estamos vivendo um momento histórico.

Por um lado orgulhosos de vermos nossa atividade conquistando
corações e mentes e finalmente ocupando seu devido lugar, por outro
lado, preocupados com esta euforia. Explico: o problema da educação no
Brasil logicamente também afeta o design, e diferente da Alemanha, aqui
o design nasceu aos trancos e barrancos, através de profissionais de
outras áreas que foram se “auto-aperfeiçoando” ao longo dos anos, com
exceção de alguns raros casos de designers estrangeiros que moram no
país ou brasileiros que estudaram no exterior.

Esta deficiência começa a ser suprida inicialmente em pontos
isolados como a Escola Superior de Desenho Industrial, no Rio de
Janeiro e, aqui no Rio Grande do Sul, o curso de Desenho Industrial da
Universidade Federal de Santa Maria. Recentemente esta euforia também
se percebe na enorme quantidade de universidades particulares que
criaram ou estão criando cursos de graduação e especialização em
design.

Mas por serem recentes o que se percebe no mercado é uma maioria de
autodidatas. O resultado disso é que há uma grande confusão no mercado
sobre quem são os profissionais capacitados para atuação com design de
produtos ou programação visual. A regulamentação da profissão poderia
ser um caminho, mas parece que vai na contramão das leis do mercado e
está cada vez mais distante de acontecer. A auto-regulamentação parece
ser a solução mais viável, e aí se reforça a importância das
associações profissionais como a Apdesign no Rio Grande do Sul e a ADG
em São Paulo e Rio de Janeiro. Enquanto não se tem meios reguladores da
nossa atividade, a chave para sabermos quem realmente é designer, está
na resposta da segunda questão: De que os designers se alimentam? A
resposta é simples: de projetos de design.

Por mais óbvio que possa parecer, este teste ajuda a resolver ou,
pelo menos, diminuir o desafio de se buscar profissionais de design no
mercado em tempos de euforia. É simples, se se alimenta de design é
designer, mas se se alimenta de decoração, artes, propaganda ou
qualquer outra atividade e faz (ou diz que faz) design nas horas vagas,
este não é designer. Como bem disse Platão ?Somos o que repetidamente
fazemos, a excelência, portanto, é um hábito e não um feito?.

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