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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O universo de Philippe Starck - Ícone do design contemporâneo, o francês vem a São Paulo lançar sua cultuada cadeira Masters

fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-universo-de-philippe-starck,797144,0.htm
Marcelo Lima
Difícil ficar indiferente a uma criação de Philippe Starck. Por mais de três décadas, esse multifacetado criador, designer e arquiteto francês tem feito parte do imaginário coletivo internacional, por meio de objetos e espaços pouco convencionais, os quais, nas palavras dele próprio, se pretendem "bons e democráticos"; antes mesmo de bonitos.
 - Divulgação
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Filho de um engenheiro aeronáutico, o desejo de criar ele cultiva desde a infância. Muitos anos e protótipos depois, foi contratado para desenhar interiores para o presidente François Mitterrand e o resto é lenda. Hoje, são poucas as áreas do design nas quais ele não tenha se aventurado: de móveis a utilitários. De motos a iates. De interiores de hotéis butique como o Royalton, em Nova York, o Delano, em Miami, e o Fasano Rio à direção artística de peças de teatro.
Muito antes de virar moda, a ecologia já ocupava o centro de suas preocupações. Não surpreende, portanto, que o tema seja sua principal motivação sempre que o Brasil lhe vem à mente. "Gostaria de imaginar soluções para o país da era pós petróleo, quando o próprio plástico será post", diz ele, nesta entrevista exclusiva para o Casa, às vésperas de visitar São Paulo para o lançamento nacional, na próxima quarta-feira, da cadeira Masters, da italiana Kartell.
Como nasceu o projeto da Masters? De onde surgiu a ideia de misturar três cadeiras para criar uma nova?
Infelizmente - e felizmente - o design tornou-se moda. Felizmente, porque gera bons projetos. Infelizmente, porque, também gera muitos ruins. Hoje, nosso trabalho, enquanto designers, consiste basicamente em reconhecer e separar o que é bom daquilo que não é. E, para isso, um mínimo de conhecimento cultural é mais do que o necessário. A cadeira Masters, nascida do entrelaçamento de três ícones - a Serie 7, de Arne Jacobsen, a poltrona Tulip, de Eero Saarinen, e a Eiffel Chair, de Charles Eames -, nos remete aos tempos áureos do design, dos grandes mestres. Acredito que ela possa nos incentivar a perseguir a qualidade em cada nova compra, sempre que ela for necessária, claro.
Qual a importância da Kartell para seu trabalho como designer?
Muito jovem, ou seja, muito tempo atrás, eu tinha a intuição de que a real elegância estava na produção em massa e que, estruturalmente, qualquer elitismo era vulgar. Eu inventei e passei a minha vida toda insistindo no conceito de design democrático, que era frontalmente contrário a tudo o que acontecia na época. Meu objetivo era baixar o preço do objeto de design e ao mesmo tempo manter sua qualidade, a fim de torná-lo acessível ao grande público. Essa batalha durou 20 anos, mas podemos dizer que agora a luta está ganha. E isso só foi viável graças ao advento dos móveis de plástico injetado, que nos permitiram não apenas aumentar a qualidade e ousar nas formas, mas tirar ao menos dois zeros do preço de uma cadeira. O herói e protagonista desse meio de expressão sempre foi, e ainda o é, a Kartell. A simbiose entre nossa visão, nossa filosofia política e nossas ferramentas industriais é completa e absoluta. Juntos, criamos grandes projetos e ainda temos muitos outros em elaboração. Além de vários desafios à nossa frente, sejam eles ecológicos, sociais, sexuais, filosóficos ou tecnológicos.
O senhor visitou o Brasil diversas vezes. Quais transformações observou desde a sua primeira visita?
Eu visito o Brasil há tempos e regularmente. Acredito que um país não se transforma, ele apenas segue sua própria evolução, baseada em seus valores estruturais e interiores. No entanto, percebo com satisfação que o conceito de projeto, em todas as áreas, cada vez mais se distancia da ideia do veículo de moda e foca na intemporalidade, na criatividade pura, na intuição e na alta tecnologia. E isso é altamente positivo.
O que mais o inspira no País?
Amo e compartilho diversos valores que acredito estarem enraizados na cultura brasileira: a paixão, a loucura, a intuição, a inteligência empírica e um certo sabor para a vida e a morte. Todos esses valores são um terreno fértil para um futuro apaixonado e humano.
Gostaria de saber um pouco mais sobre seus projetos futuros por aqui. Alguma ideia em vista?
Meus interesses no Brasil são múltiplos, mas se voltam para a área de projetos ecológicos. Me interessam as novas formas de produzir energia para veículos, casas e também àqueles ligados ao mar, à arquitetura democrática, à alta tecnologia, à construção de casas pré-fabricadas e ecológicas, ou mesmo à fabricação de móveis a partir de componentes orgânicos. Gostaria de levar ao País o meu laboratório de pesquisa sobre criatividade pura e também de imaginar soluções para a era pós petróleo, quando o próprio plástico será post. Aliás, essa é minha principal questão hoje, infelizmente, ainda sem resposta.

Feira Design Miami celebra o melhor da criação contemporânea

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,feira-design-miami-celebra-o-melhor-da-criacao-contemporanea-,808903,0.htm
Marcelo Lima
MIAMI - O clima é de celebração. Em sua sétima edição, a Design Miami firma sua posição estratégica no cenário global: para o público e para a mídia especializada trata-se de ponto de parada obrigatório para tomar contato com a produção de ponta de todo o mundo. Para colecionadores e amantes do design, o evento é uma rara oportunidade de conferir, em um único pavilhão, grandes momentos da criação internacional de todo o século 20 até os dias de hoje.
Espaço da Galeria Downtown, de Paris - Divulgação
Divulgação
Espaço da Galeria Downtown, de Paris
Um sucesso que deve muito ao formato particular proposto pela exposição. "Diria que nosso controle de qualidade é duplamente certificado. Nossa curadoria procura selecionar expositores entre as melhores galerias de design de todo o mundo. Depois, existe a curadoria específica de cada uma delas; sendo que todas são, reconhecidamente, especialistas em suas áreas", explica Marianne Goebl, diretora da Design Miami, que, este ano, aconteceu de 30 de novembro até o último dia 4.
Some-se a isso a atmosfera de efervescência criativa que se instala na cidade durante o evento, com a realização da filial da feira de arte suíça Art Basel, além da intensa programação cultural do Design District (ver pág. 18). Assim se tem uma ideia aproximada do porquê, em menos de uma década, de desconhecida, a mostra se tornou uma referência.
Ao todo, são 28 os convidados oficiais. Uma lista consistente de galerias de design do mundo todo, com destaque para os representantes dos Estados Unidos, como a Demisch Danant , a R 20th Century e a Johnson Trade, de Nova York, e da Grã Bretanha, como a Oficina Carpenters e a Didier Ltd, de Londres. Mas também com espaço para casas europeias de peso, como as galerias Patrick Seguin e Kreo, de Paris, e a Pierre Marie Giraud, de Bruxelas.
Famosa pelo alto nível de seus expositores, o Design Miami tem se destacado ainda pela exclusividade da produção veiculada: móveis, luminárias, objetos e acessórios decorativos, produzidos via de regra em pequenas séries ou apresentados como peças únicas, construídos com materiais nobres, por vezes raros, e a partir de técnicas de elaboração complexas, sejam elas artesanais, industriais ou, em muitos casos, um mix das duas.
"Com foco no século 20, procuramos contemplar o melhor da produção nos cinco continentes, incluindo, a partir deste ano, a África. Nesta edição, por exemplo, revisitamos os trabalhos dos arquitetos franceses das décadas de 40 e 50, os modernistas brasileiros e também os californianos. Passamos em revista o design italiano pós-moderno e terminamos por lançar um olhar sobre as embarcações de madeira coreanas", conta Marianne, sinalizando um possível percurso para o visitante mais antenado.
Designer do ano. Paralelamente à mostra oficial, a Design Miami organiza ainda um intenso programa cultural, reunindo celebridades do mundo da arquitetura, da arte, do design e da moda para discutir suas influências e seus processos de trabalho. Caso, por exemplo, do tanzaniano David Adjaye, arquiteto radicado em Londres, eleito designer do ano pela direção do evento, que foi encarregado de criar uma instalação especial, para receber os convidados logo na entrada do pavilhão de exposições.
"Defino este trabalho como meu primeiro móvel autenticamente arquitetônico. Além de ter sido construído na escala de um edifício, e possuir janelas e portas, ele, tal qual um móvel, conta com assentos e encostos. Tudo reunido em um só volume", diz Adjaye, a respeito de Genesis: sua original criação que bem sintetiza o espírito da mostra, que tem no cruzamento de diferentes disciplinas um de seus pontos fortes, no que não deixa nada a desejar.
À parte, talvez, a ausência de uma galeria brasileira entre suas representações internacionais. Uma participação que, se levarmos em conta a opinião de Claudio Luti, presidente da italiana Kartell, por certo teria tudo para ser bem-sucedida. "Admiro as cadeiras brasileiras. Mas a maioria delas está mais próxima do artesanato do que da produção industrial." Uma aparente desvantagem levando -se em conta a produção em larga escala. Mas que pode se revelar salutar se se pensar em exclusividade. Um motivo a mais para ficar atento ao que se passa na América. E, em se tratando do design brasileiro, Miami pode estar mais perto do que se imagina.

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